quinta-feira, 21 de junho de 2012

MINHA TERRINHA!

        Lobo Reporter:


Foi num dia qualquer de junho do ano de 1878, no bairro denominado Curralinho, onde existiam algumas propriedades, como a de Domingos Fernandes de Almeida, João Wohlers, Luiz  Figueiredo, Anselmo Caparica, Ambrosina Pinto, Pedro de Oliveira Cezar e  tantos outros. Em algumas dessas casas, numa tarde, tomando um bom café, olhando para os verdejantes cafezais que dobravam o morro, que alguém teve a grata idéia de se realizar uma festa joanina, mais precisamente para São João Batista.
Mas, quem seriam os festeiros? Resolveram fazer um sorteio e a tarefa recaiu sobre dona Ambrosina Pinto e Anselmo Caparica, esposo de Bruna Figueiredo.  Seria uma festa simples, porém, muito animada.
No dia 23 véspera da festa, o bairrinho acordou animado, fazia um frio intenso e o céu azul das manhãs juninas contrastava com o mar verde de cafezais que exalavam um doce perfume pelo ambiente. As mulheres reuniram-se e prepararam muitos doces, bolos, bolachas, guloseimas e muito quentão para a noite. Os homens mandaram seus feitores cavarem um buraco próximo a santa cruz ao lado da casa de Domingos Fernandes de Almeida, cortaram  uma alta e esbelta árvore, tiraram suas cascas e a enfeitaram com frutas e flores e colocaram a moldura com a estampa de São João ainda menino segurando seu carneirinho. Estacaram, empurraram e socaram a terra, pronto, lá estava o mastro para São João, um marco definitivo para nossa história.
Caiu a noite com seu manto bordado de estrelas, era noite de São João, a fogueira crepitava alta, chegavam os convidados e numa mesa improvisada no quintal de Domingos Almeida, iam depositando os mais os saborosos pratos. As crianças deliciavam-se com os cartuchos de papel bem atochados, em cujo interior encontravam-se balas, amendoim doce e pipocas, ofertados pelos festeiros.  Com seus longos casacos e xales, todos agruparam-se em torno da fogueira e um bom sanfoneiro acompanhado de violas puxou a primeira quadrilha, depois uma polca que foi dançada com dificuldade no chão irregular. Foram foguetes de vara  pelo ar anunciando a festividade. Muitos foram para a casa, mas, vários homens ficaram junto ao fogo até alta madrugada, bebendo um quentão e discutindo novas idéias.
  Na manhã seguinte uma fina camada de geada  e um vapor úmido subia do chão, outra vez reuniram-se ao som dos fogos e violeiros, cantaram e unidos pelo pensamento ajoelharam-se ante a pequena cruz e rezaram um terço a São João. Cabisbaixos, o astro rei, que tímido passava pelo anil do céu, derramava bênçãos de luz sobre o local, coroando a todos com sua majestade.  Ergueram-se, gritaram viva a São João e pactuaram a construção de uma capela naquele local. Uma capela para abrigar o padroeiro da nova cidade que todos almejavam construir.
A cidade de São João,   a cidade do Curralinho, cercada pelas muralhas montanhosas da Mantiqueira, coberta pela riqueza dos cafezais  e alegre como a boa nova anunciada pelo precursor do cristianismo acabava de nascer. A voz que anunciou a vinda do Cristo pelas margens do rio Jordão, agora  proclamava uma nova idéia pelos moradores das margens do rio Jacareí.  Nascia neste dia a cidade de São João do Curralinho, nascia alegre, festiva e dinâmica. A nova cidade, uma cidade Joanina,  a CIDADE DE JOÃO!!!
Contextualizando hoje, a cidade passou a ser conhecida pelo mundão a fora como a CAPITAL DO LOBISOMEM...