sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mas o que é este TURISMO DO IMAGINÁRIO?

Costumo partir do pressuposto que os mitos sempre povoaram as mentes dos homens, desde os mais remotos tempos o homem viaja em busca de seu imaginário, em busca do encontro com o sobrenatural, com o sagrado, com as possíveis aventuras com o inesperado. Tornou-se um aventureiro, visitando locais que acreditava possuir energias diferentes, monstros, deuses e até mesmo passar por um portal mágico que o levasse a outros mundos. 

Foram criados lugares sagrados de peregrinação em todos os períodos da história, decorrido milênios, o homem continua em sua viagem em busca dos seus mitos, de seus medos, de sentimentos subjetivos.

Só para se ter uma idéia, o governo da Romênia, onde situa-se a Transilvânia,   pretende gastar trinta e dois milhões de dólares num dos projetos que visa intensificar a visita a cidade de  Sighisoara, onde está o castelo que viveu o Conde Vlad Dracul, popularizado e distorcido como Conde Drácula. O Lago Ness na Escócia continua sendo visitado até hoje e todos sonham com uma foto do tal monstro, no Brasil Varginha no Estado de Minas Gerais, virou ponto referencial  na possibilidade de se ver um extraterrestre, que podemos afirmar ser um mito moderno, São Tomé das Letras, também no mesmo Estado é amplamente visitada e pessoas juram que além dos Ets vêem  gnomos e toda sorte de seres fantásticos. Alguns municípios estão apostando nos sacis, outros em seres encantados dos rios e cachoeiras, assim sendo, por que não investiríamos no lobisomem?
Um mito forte, dinâmico, antigo, presente em todas as culturas e preservado no sopé da Mantiqueira.

Este é o turismo do imaginário, uma desculpa para viajar e relembrar a infância, reviver antigas fantasias, mas também buscar a aventura de estar numa cidade e poder contar depois que esteve lá, na terra assombrada por um determinado ser, mas também, em conhecer e desfrutar das belezas naturais que estes locais encerram. É o novo, o inusitado, o diferente, talvez seja isso que procuram aqueles que se aventuram por estas trilhas.
Nossa associação provou que é possível colocar os ventos do folclore a favor do turismo, mesmo que seja um mito apavorante e que não tenha uma cara tão boa ou amiga, seus traços podem ser melhorados, reinterpretados, sem perder a essência, criando uma nova força e uma nova dinâmica no local onde está inserido.  Boa prova de como podemos mudar isso, são os ursos de pelúcia, os detestáveis e horríveis ratos que de repente graças a Waltt Disney viraram seres amáveis, amigos e idolatrados por jovens e adultos.

O lobisomem saído dos antigos feiticeiros, das maldições dos deuses gregos, excomungados pela intolerância cristã da Idade Média, satanizados por radicais religiosos, transformado num pobre amaldiçoado com a sina  de correr a noite inteira, vira em poucos anos, o bom cãozinho. Antes todos corriam do lobisomem, hoje as pessoas correm atrás dele, acho que se ele pudesse opinar sobre tudo isso, talvez viesse a afirmar: “Eu era feliz e não sabia!” Espero que para o lobisomem não venha a valer o ensinamento de Maquiavel, onde é melhor ser temido do que amado.

Professor Valter Cassalho
da Associação Brasileira de Folclore
Presidente da Associação dos Criadores de Lobisomens

Atualmente a CASA DO ARTESÃO (ao lado da Matriz) abriga a ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE LOBISOMENS bem como a CASA DO LOBISOMEM, com muitos souvenires como vinhos, pingas, biscoitos, bolos, doces, camisetas, chaveiros, bonecos do Lobisomem. Na entrada tem um boneco tamanho natural da artista plástica Regina Rodrigues a mesma que criou no ano passado as CUECAS DO LOBISOMEM (Crie o bicho solto!). Há ainda lobisomens pequenos em biscuit, resina, camisetas etc feitos pelo publicitário André Collins.

A novidade desde ano de 2010 tem sito o NENÉM LOBISOMEM ou seja, um lobisomem (boneco) bebê que tem sido o xodó da casa do Artesão.

Os lobisomens e bonecos de vários artistas espalham-se por todo o município nas cachaçarias, bares e lojas de artesanatos.

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